Leia aqui um poema de "é preciso que a coisa se perca", de Pedro Martins:
tERROrista
I
seguro o rojão nos dentes
reviro os olhos com convicção
ponho o nariz para trás e
no duro esforço de fazer sentido, recolho
os cacos do absurdo.
II
engulo a seco a prosa em fúria que passou pela minha cabeça.
cheguei a alterar minha respiração
em um ato improvável
sem controle ou direção
só pra ter uma ânsia de infinito.
III
me agarro na razão que não me pertence
no entanto
o pulmão anseia pela façanha do último
trago
que me cabe.
ele pede socorro, mas eu não escuto
pra mim
era a melhor opção.
IV
na explosão do barril
devoro a língua
dissolvo cada palavra e
me refaço na fumaça fria.
o espetáculo se estende
vara a madrugada
a testemunha da ignorância
aplaude de cabeça para baixo
indo em direção à latrina.
(era só mais um
dos meus reflexos no espelho.)
V
para além do absurdo
o perigo é previsível
dispenso as pretensões
reconhecendo
que o sabor do ginkgo biloba
é néctar em beijo de abelha.
é preciso que a coisa se perca, de pedro martins
Pedro Martins é natural da capital de São Paulo. Bacharel em Artes Visuais pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas e atualmente cursando pós-graduação em História da Arte - Teoria e Crítica pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Artista visual, desenvolve uma pesquisa que explora o gesto, a memória e o problema inquietante do esquecimento. Seu trabalho busca criar uma imagem-cena onde o corpo se forma e se entrelaça no processo de materialização da pulsão, desafiando as fronteiras da representação auto-contida