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Leia aqui um poema de "caos", de Alberto Lôbo Tenório:

 

Berço

 

Quando o dia não amanhecer,

Ainda estarei aqui,

Longe de tudo, nos confins do mundo,

Te esperando chegar,

 

Para guardá-lo em meu leito,

Em seu descanso eterno,

Perfeito e materno,

Onde precisarás apenas respirar.

 

Quando nada mais reconhecer,

Os sentidos ainda guiarão seu ser,

Seja para longe ou para perto

Da matriz.

 

Quando for, não muito cedo,

Nem muito tarde,

Por favor, não esqueça

Que as memórias viverão mais que você,

 

Que casulos não são para sempre,

Que a alma precisa ser livre,

Que a mente precisa fluir entre raízes

E que o espírito deve limpar as cicatrizes.

 

Quando for, não esqueça de mim,

Não esqueça de seu reflexo ou interior.

Me esconda na memória, nos seus sinais,

Nas suas marcas.

 

Não esqueça que meu chamado

Será perpétuo entre os vales

E que ecoará em seu peito

E construirá seu santuário.

 

Minha existência é mais forte,

Mais real e mais gritante

Do que sua fé precisará

Um dia ser.

 

Um dia voltaremos da nascente

Apenas para alcançar a foz novamente.

Sei que é assustador à primeira vista,

Mas sua voz é minha voz, e por você sou onisciente.

 

Se seus pensamentos forem puros e frágeis,

Então serão minha maior necessidade,

E por eles ascenderá e, por você, acenderei

E sua fala e necessidade se espalharão em fagulhas.

 

Sem atravessarmos territórios,

Queimaremos apenas aquilo que é nosso.

Banhamo-nos nas cinzas de nós

E retornamos à memória, à foz.

 

Nosso tato é um e por ele me guio,

Sinto suas feridas e vejo suas dores.

Através de seus olhos tenho a verdadeira visão

Do que é estar humanamente vivo.

 

Mentes que se abrem para mim,

Também se abrirão para ti,

Pois eu sou o reflexo

Em que você vive.

 

Essências que não alcançam a mim

Talvez alcancem a ti.

Eu já me resolvi,

Mas não posso parar tudo que há de ruim.

 

Não esqueça que minha chama

Sempre estará acima, brilhando para você ver,

Para você saber que meu lar

Foi feito para você.

 

Minha existência é mais forte,

Mais real e mais gritante

Do que sua fé precisará

Um dia ser.

 

E eu prometo curar

Tudo que vive à beira de mim,

Acreditando ou não

Em meu fim.

caos, de alberto lôbo tenório

R$ 50,00Preço
  • Alberto Lôbo Tenório, nascido em 2005 e natural de Maceió, Alagoas, é um libriano apaixonado de outubro. Atualmente, é um estudante de Letras - Português na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) dedicado a aventurar-se especialmente pelos campos da literatura e suas belezas. Seu coração e esforços estão depositados mais intensamente na escrita em versos desde o Ensino Fundamental, quando teve contato mais íntimo com tal forma de expressão graças a docentes e amigos. Através das artes, em especial da dança e da poesia, almeja alcançar a si e ao mundo cada vez mais. Caos, seu livro de estréia, é um exemplo claro dos frutos de seu empenho e paixão.

    Instagram: @alberto.lo.bo

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