Leia aqui um poema de "exausto coração esbraseado", de Lucilene Canilha Ribeiro:
Eu sou vermelha,
tingida de urucum e seiva de pau-brasil,
da cor do lobo guará.
O sangue primitivo corre dentro e fora de meu corpo.
Tenho a cor da argila em toda a extensão de minha pele,
que é também extensão de minhas ideias,
que é também extensão de minhas paixões.
Ergo minhas bandeiras com punhos febris,
meus olhos vibram em protesto e pulsação.
Carrego cóleras impossíveis de acalmar.
Quando deitarem meu corpo por terra,
ela se tornará vermelha e ferverá um outro ser,
nascido em raiz profunda,
revolucionário e vermelho.
exausto coração esbraseado, de lucilene canilha ribeiro
Lucilene Canilha Ribeiro é feminista por vocação, professora por paixão e doutora em História da Literatura por formação. É integrante do coletivo de escrita “Escreviventes” e participou de algumas antologias, como Desobediências miúdas; Haicais e Tankas; Antologia poética: vozes que se encontram e La loba magazine: pelo fim da violência contra a mulher. Natural e residente de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, é a primeira integrante de sua família a concluir seus estudos de graduação e pós-graduação em uma universidade pública e a escrever literatura.