Leia aqui um trecho de "futuro involuído", de Rodrigo Moreno:
Todo aquele oceano de absurdos na internet era intencional. Causado por alguém sem nome, parentes[Mão & Obr1] , rosto ou voz. Esse alguém era apenas um borrão na multidão ditando verdades fabricadas. O padeiro, os vizinhos que o conhecem há anos e o irmão com quem dividira a mesma infância difícil concordavam e compartilhavam esses fatos, estrategicamente montados por seus dedos. Os mesmos dedos que agora digitavam num notebook dentro de um quarto com a claridade do sol entrando por uma janela escancarada junto com o barulho da rua, buzinas e o frescor de uma manhã após a chuva da madrugada.
A rotina começava assim pra quem tinha que acordar cedo, engolir o café e correr pro trânsito que se arrastava pelo asfalto pra terminar se espremendo entre carros e motos que ainda tentavam ultrapassar. Todo esse sofrimento somente pela esperança de chegar no horário, bater o ponto e não ter desconto no contracheque. Uma rotina de metas que nunca são alcançadas, de papeladas confusas e normativos que só funcionam na cabeça conservadora do patrão.
futuro involuído, de rodrigo moreno
Rodrigo Moreno nasceu em Belém-Pa no ano 1984 e escreve desde 2011. Já publicou de maneira independente Outras Dimensões (contos fantásticos), Vulto Negro, Cidade Condenada (um romance pulp fiction) e Eles Dominam! (novela de terror) além de contos em revistas virtuais. Tem uma pequena obsessão por um sonho futurista que teve quando tinha uns seis anos. Ao olhar pela janela viu máquinas enormes com rodas de trator destruindo e construindo e isso o fez esperar muito do futuro que estava por vir depois dos anos 2000. E ainda espera.