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Leia aqui um trecho de "histórias pra boi durmi", de Marlene Luz:

 

No Bar do banha tem… profissionais de todas as áreas; tem o cafetão Balanço, que tem mais de vinte putas aos seus cuidados, nunca precisou fazer uso de violência e se gaba disso, mas também a única vez em que usou dessa forma de persuasão, a profissional não resistiu. Balanço tem o tom de pele marrom, dentes brancos, um metro e noventa de altura, gosta de perfume caro, senta-se sempre no mesmo lugar, faça chuva ou faça sol; também tem o bicheiro Colla, pele de um rosado doentiço, cabelos ruivos, sempre com aparência suja; caminha como se tivesse um demônio lhe perseguindo; e tem ainda, policiais de farda e à paisana; tem advogados, políticos e outros “amigos do alheio”; e tem o Banha. Banha ganhou esse nome/apelido ainda na puberdade, quando contava cerca de 12 anos, começou a ganhar peso e espinhas, sua pele rosada, ao contrário da pele de Colla, é de um rosa que exala gordura e saúde. Ao estilo de um bebê que orgulharia a qualquer mãe. Banha tinha seu bar próximo ao campus da universidade e no coração do bairro iídiche; tinha o costume de chamar a todos os seus fregueses e frequentadores do seu bar pelo tratamento de Dr. fosse quem fosse.

Quando passei no vestibular para medicina fui levado ao bar por um colega. No bar se podia comer com fartura e não gastar muito, então um dia ele me larga essa: “dr. quero dar uma palavrinha com o dr. Esse bairro já foi de muitas pessoas, mas por primeiro, ainda, foi da selva que havia aqui, agora só tem um parque. Depois foi das pessoas enegrecidas e... libertas que não podiam e não tinham onde morar. Então chegaram os italianos e… depois os judeus fugindo de seu horror. Chegaram com o desejo de ter um lugar pra chamar de seu, esqueceram que os ocupantes que já estavam aqui, não tinham esse privilégio.

Não aguentei a aula de história e lasquei:

-  o que eu tenho a ver com isso?

- não me leve a mal não dr., eu nem queria e nem preciso saber quem é o senhor pra lhe dar um conselho: Não queira ser mais malandro que a malandragem, dr.

Olhei pra ele e me arrepiei. Ele sabia! Há alguns dias atras eu reclamei de um pedaço de um corpo estranho no meu prato. Ele gentilmente me orientou a colocar a prova do crime de lado e levar pra viagem. Não gostei do descaso com que fui tratado e acionei o serviço de vigilância sanitária. Faz dois dias que a cozinha do Banha está interditada.

histórias pra boi durmi, de marlene luz

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  • Sou Marlene Teresinha Luz de Souza. O meu nome artístico é Marlene Luz. Sou e me digo Escritora. E sou uma das finalistas do prêmio Carolina Maria de Jesus do Ministério da Cultura. Sou mulher cis, enegrecida, mãe, avó. Sou Psicanalista pela Après Coup, Escola de poesia de Porto Alegre, associada à Après Coup de Buenos Aires. Membra e Coparticipante de seminários de formação dentro da instituição. Psicóloga graduada pela PUCRS. Tenho Pós-Graduação em algumas áreas da psicologia, como especialização em Sexualidade Humana.

    Em 2023, descobri o edital do prêmio Carolina Maria de Jesus do MinC e decidi me inscrever no concurso e escrever um romance em três meses e meio. Bem, deu certo. Esse que apresento agora é um livro de Contos, que se conta como se fosse um pescador.

    Moro em Porto Alegre - RS.

    Meu instagram: @marleneluzpsicanalista

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