Leia aqui um poema de "impressões da beirada", de Fabiano Oliveira:
Tentando superar um exercício de perspectiva
Horizonte limite da vista parede do olho
onde o pincel não alcança mais
do que um traço deitado frágil sobre a água
o mundo vai até aqui a linha diz.
Para suportar o agora
traçar planos o chão a tela
ao menos embicar os rostos
na intenção de atravessar o risco.
Depois do umbral da paisagem
deve ter chão macio de folhas ou
árvores que dão sombras ou pegam fogo
ou mais água que aperta forte ou
uma boia de salvação que na verdade é
você com 10 anos
sobre a sopa da avó
o nariz se incomodando com o mofo ou
a espera no banco da escola
o relógio adiantado
ou o carro varando a noite onde houve
aquela conversa sobre outra
família ou
você nem imagina.
Depois da beirada vista
da beira da vista
precipício
quem sabe o que cai
além da moldura conhecida.
Contra a madeira dos dias
cupins dos sonhos.
impressões da beirada, de fabiano oliveira
Fabiano Oliveira (1991) nasceu em Nova Iguaçu e mora no Rio de Janeiro, onde trabalha como jornalista. É mestre em Ciências Sociais pelo PPCIS - Uerj. Atualmente cursa doutorado no mesmo programa. Impressões da beirada é seu primeiro livro.