Leia aqui um poema de "meu silêncio, inquietude", de Maurício Batista:
Mensageiro
eu escrevo
como quem remete cartas
a um eu do futuro.
falando de um amor
que ainda não veio,
uso as palavras
a regar a esperança.
trago algumas sementes
dentro do peito.
sou eu quem faz
fértil o solo.
sou mensageiro do meu destino.
eu escrevo presságios.
levo mensagem de força
ao homem que não veio.
eu escrevo a dor
pra me lembrar da cura.
escrevo a ternura
pra recordar o meu destino.
mapas que me dizem por onde ir.
rotas que vão de encontro
às coisas que eu preciso.
eu, mensageiro de mim
meu silêncio, inquietude, de maurício batista
Maurício Batista é poeta, escritor e filho de Exu. Natural de Aracaju–SE e radicado em Itajaí–SC, encontrou na palavra um superpoder: dar nome ao seu silêncio e às suas inquietações. Negro, bissexual e candomblecista, escreve a partir das margens com uma linguagem íntima, sensível e cortante.
Meu silêncio é inquietude é seu livro de estreia — um manifesto de cura, fé e celebração da própria existência.