Leia aqui um poema de "outros silêncios em vigília", de Adrianna Alberti:
A filha da Lama
Os pés afundam a massa mole,
corpo, alma e fios grisalhos ainda gotejam
a chuva fina no chão
O caminho feito ciclos
Grudadas em sua saia branca-lilás
Mãos gordinhas afeitas
O riso íntimo é baixo aos alheios
O xaôro chacoalha no mover dos passos
Na velha, as rugas enfeitam como rios
Sua pequena adotada
chupando um torrão de cocada branca
e na outra mão
uma boneca adornada de palha e penas
O caminho é acidentado
Feito de entranhas e lama
Nanã passeia com seu erê
Em busca de uma filha perdida
outros silêncios em vigília, de adrianna alberti
Adrianna Alberti, nascida em 1987, é paulistana, mas já se considera escritora sul-mato-grossense. Professora mestra, consultora acadêmica. É também escritora, tendo publicado em sites e antologias.
Doutoranda em Estudos de Linguagens, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Também oferece oficinas de narrativas fantásticas e palestras sobre o tema.
Pesquisadora de Literatura Fantástica desde 2012 e promotora cultural-acadêmica na área de literatura, organizou duas edições do evento Expressões do Fantástico, evento que se desdobrou no projeto Expressões do Fantástico, agora, junto com Carolina Mancini, responsável por divulgar literatura fantástica nacional.
Autora dos livros: O Silêncio na Ponta dos Dedos, publicação independente de 2020, livro de poesias selecionado pelo prêmio Leia MS; As Cores na Ponta da Língua, micronarrativas publicadas na Coleção III Mulherio das Letras, em 2021, e Em Busca da Rainha do Ignoto, resultado de sua dissertação de mestrado, publicado em 2022.