Leia aqui um trecho de "papo de amor", de João Pedro Ribeiro:
O amor é esse convite, essa convocação, para nos depararmos com um “jogo de espelhamento”, onde a partir do outro, seja no olhar, na fala, na experiência sexual, no carinho e em muitos outros detalhes da convivência e da relação, não sairemos ilesos de alguns encontros com nós mesmos.
No capítulo anterior, falamos aqui de algumas bússolas norteadoras, que estão muito alicerçadas a partir dos nossos registros e que nos direcionam para algumas possibilidades de estar com o outro e de estar com essa tal experimentação do amor. E é justamente essa bússola, que nunca será igual para ninguém e determina que a forma, o tom e a intensidade que esse amor será acessado, jamais será igual para cada um de nós.
Essas bússolas, carregam vivências que foram traçadas a partir de gênero, raça, cor, orientação sexual, status social, cultura, religião e muitos outros aspectos de estruturas sociais que compõem todo um funcionamento da nossa condição humana. E ao falarmos de amor, é necessário nos lembrarmos desses recortes sociais que são, de fato, determinantes (e isso não precisa ser lido como militância).
O amor que chegará (ou o que não chegará) para uma pessoa preta, por exemplo, estará determinado a partir de uma estrutura racista, bem como para pessoas pretas queers. Este amor jamais será igual, ao amor experimentado para uma pessoa branca hétero, ou queer.
Tento escrever aqui, a partir do meu lugar de fala, enquanto um homem branco cis gay, que experimenta o amor a partir deste lugar. Além das experiências pessoais, algumas leituras e outras prosas muito potentes, me ajudam a trazer pra cá a percepção de que a nossa sociedade foi alicerçada a partir de uma cultura machista e heteronormativa, muito também fundamentada em pregações religiosas. Apesar de estarmos falando aqui no passado, é nítido para nós todos, o quanto ainda vivemos resquícios e repercussões de todo esse alicerce promovido a partir de muito preconceito.
papo de amor, de joão pedro ribeiro
Sou mineiro, nascido em Araxá, mas moro em Uberaba desde 2017. Aquariano de Fevereiro de 1994. Bailarino há 15 anos em Dança Contemporânea e Psicólogo desde 2018. Atualmente atuo como Psicólogo clínico em consultório particular e como Psicólogo jurídico/social em instituição de terceiro setor, atendendo famílias em níveis de desproteção social.
Nessa trajetória até aqui, observador do amor, especialmente sobre o seu papel no desenvolvimento psíquico e a repercussão de suas experimentações na nossa vida e na condição humana.
Às vezes essas observações e experiências, tornam-se palavras escritas.