Leia aqui um poema de "plantar somente onde há bocas famintas", de Cecile Mendonça:
sair de trás dos olhos de minha mãe
entrar em meus olhos despidos
perceber que nem mesmo
o meu olhar é límpido
olhar o que olho
tocar as superfícies
adentrar aos pensamentos
navegar por fios d’água
conceber:
não passam de reflexões invertidas
não há outro caminho
senão
tornar-me criatura do que vejo
me vejo no que vejo
sou o que vejo
e o que vejo
duvido
mãe,
prefiro te ouvir dizer
plantar somente onde há bocas famintas, de cecile mendonça
Cecile Mendonça (Rio de Janeiro, 2000) é graduada em Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e artista multidisciplinar. Se aventura, principalmente, na colagem, no desenho e na escrita. Publicou poesias na Antologia “Nós” da editora Selo Off Flip [2023] e na edição de verão da Revista Felisberta [2024].