Leia aqui um trecho de "quem está atrás da máscara?", de Luis F. Buzzato:
 
Eloí está grávida, novamente. 
É o que ouvi, quando pedi aos ventos do Sul que trabalhassem mais no inverno do Brasil. No universo, não existe o som, portanto, não existe a fofoca interdimensional, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. 
Estou me coçando para saber. 
Eloí? Grávida? A última vez que esteve guardando vida dentro de si, criou cosmos e realidades paralelas. O que virá dessa vez? 
Um parto sem dor, isso sei que ela é capaz de fazer. Não ter dor, ao parir outra vez. Sopro para o Norte, depois para Leste, pôr fim ao Oeste. 
Não existe uma mísera alma para me contar o que nasce de Eloí, no dia de hoje? As estrelas estão afobadas, tropeçando toda hora, fazendo a maior folia no céu para descobrir a maior curiosidade desse século: o que nasce de Eloí, no dia de hoje? 
Um barulho, um som. 
O Universo inteiro se cala, no meio do dia, para escutar. É Eloí rindo, em lágrimas. Uma risada toma conta do espaço, da vida. Repentinamente, os meus ventos começam a soprar docemente sobre as flores.
O orvalho goteja em poças limpas, a tecnologia, seja de qual mundo for, deixa seu sinal cair. Em um campo, um pastor não consegue ordenar suas ovelhas, que correm pelos montes e pelas pedras para se encontrarem com leões, no topo do monte. 
O horror começaria, ao invés disso, os leões lamberam os rostos das ovelhinhas. Juntos, fizeram abrigo. Naquele dia, não terá mais nenhuma caça. 
Até mesmo o pastor, depois de correr incessantemente, teve que ceder. Achou abrigo no leito de um rio, por ali ficou, vendo as maravilhas que a água desenha, mesmo não sabendo trazer em linguagem que evento maravilhoso seria aquele. 
Um vento sopra, mas não é vento.