Leia aqui um poema de "rouxinol negra", de Bethânia de Maria Soares:
Você abre o jornal e lê: Homem negro – inocente – é morto.
E você olha para o filho e olha para o texto.
E pesquisa no google a estatística e apavora-se.
Grita silenciosamente. Lamenta silenciosamente.
Acalma-se, pois não foi um membro da família.
Contrariada, agradece. Pede perdão. Agradece.
Tenta lavar os pratos e lembra quão pequenos somos,
quão inúteis e promete para si mesma ser diferente.
Quando o furor se acalma, senta-se na frente da Tv
e espera – submissamente – a hora da novela.
rouxinol negra, de bethânia de maria soares
Bethânia de Maria Soares tem 39 anos, é natural de Pelotas (RS), mas vive há alguns anos em São José do Norte (RS). É mãe e estudante de Letras português e literatura. Ama poemas modernos, contemporâneos e os romances policiais de Agatha Christie. Já foi assistente de biblioteca, mas hoje trabalha num mercadinho como atendente.