Leia aqui um poema de "secreto contorno", de Vinícius Nunes Coimbra:
Lindo dia
I (Noite)
O retrato da amada
Esvazia
A solidão
A noite invernada
Inveja o namoro
Do moço e da moça
Quanta lua cheia
Incandescendo o céu
Como mar na areia
Na cama
Um livro faz comigo
Paixão e verso
Céu puro
Um relâmpago
Luz a tudo
II (Manhã)
Manhã ensolarada
Do outro lado da janela
Assovia pro mundo
Manhã nua
Despe da vida
O cosmopolita
Flores brancas
Acordam
Sorrindo pra cidade
De tanta alamanda
A manhã
Espanta o destino
Fria brisa matutina
Abre a janela
E agarra a pele
No rosto um riso
Que a alma angustiada
Pensa ter perdido
Desenha-se
O riso
Com as mãos do dono
III (Tarde)
Sol de meio-dia
Da cor da grama verde
Da cor do suor da pele
A sombra do sol
Caindo sobre a mangueira
Lembra a vida inteira
Claro e azul
Parece que o céu mergulha
Pela janela do quarto
Ramo de flor branca
Furta a terra molhada
E o sereno
Rio a encontro do mar
Faz carinho na ilha
Faz calor no olhar
Moça do lábio triste
Tome meu sorriso
Emprestado
Depois do sol,
A cidade verde
Vertendo o rio
O sol
Metido na nuvem
Como coito de cores
secreto contorno, de vinícius nunes coimbra
Maranhense, santainesense, economista por formação e profissão, Vinícius Nunes Coimbra nasceu no ano de 1997, coincidentemente, na data em que se comemora o Dia Nacional da Poesia, 14 de março, o que considera uma honra inclassificável. Desde os dezesseis anos, a literatura se impôs como real e único sentido de sua vida e seu desejo é ser, somente, um servo fiel da palavra, em qualquer forma, qualquer matéria de consciência, em qualquer estado da arte que ela queira se revelar. Seus poemas reúnem todas as impressões que foi capaz de reunir a respeito do noturno da vida, onde estão a alma, a terra, a paixão e dor do homem, a conversarem, insones e impuros com o homem gestado e criado nas entranhas, no interior do Maranhão, lugar que cheira a hemorragias de fantasmas ou deuses, perfume para a literatura. Neste seu terceiro livro de poemas, a poesia se reafirma como missão de vida do autor, para quem, assim como para o poeta alemão Stefan George, ela é o ponto mais alto que alguém pode atingir, ou, como disse a grande Sophia de Mello Breyner Andresen, “uma necessidade vital”.