Leia aqui um poema de "série de águas", de André Luís de Souza Lima:
O APOCALIPSE DE UM TAL JOÃO NINGUÉM
A rua nua, peremptório
marco de abismos
e jardins confusos
de arbustos mal dormidos.
Na paisagem, que o homem
habita em comunhão,
há o farol que aponta
e o farol que proclama;
e há o olhar lasso
de quem já não se enxerga
- a arquitetura dos cegos,
doce teimosia
das falsas esperanças
erguidas em sacrifício.
No intervalo das horas,
imersa em nuvens,
a flor desliza para se
prender ao vazio.
Cordeiros perfilam
para lamber finas
lâminas de pele.
Pequenos insetos,
incansáveis, erguem muros
para perpetuar novas preces
e retalhar as cidades,
alheios, à beira do infinito,
à estátua, in vitro, de um grito.
a fome de tudo, de josé messias xavier
José Messias Xavier nasceu no Rio de Janeiro, é jornalista e trabalhou nos principais veículos de Comunicação do País. Hoje, atua em Assessoria de Imprensa e escreve uma coluna de crônicas e artigos sobre Literatura, Filosofia e cultura em geral para o jornal fluminense Toda Palavra. Em 2003, recebeu o prêmio de Jornalismo em Profundidade, o principal da Inter American Press Association, em Chicago, Estados Unidos, com uma série de reportagens sobre o sistema judicial brasileiro.
Lançou o romance “Lótus”, em 2014, pela Multifoco, e o livro-reportagem “Não Matarás”, em 2022, pela Nitpress, ano em que teve publicado seu poema “Além da curva do tempo” na I Antologia Niterói Hoje, da editora Niterói Livros. Em 2023, obteve, com o poema “Quando um dia alguém sonhou”, o primeiro lugar do júri técnico da Mostra Cultural “Olhares sobre o Patrimônio Fluminense”, organizada por um conjunto de instituições científicas e culturais do estado do Rio de Janeiro, incluindo o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e o INEPAC (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual).
Profissionalmente, andou por cidades de todo o Brasil, América do Sul e Estados Unidos. Quando trabalhou como assessor da Reitoria da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), participou ativamente da criação da Biblioteca do Centro de Letras e Artes, a primeira biblioteca universitária brasileira aberta ao público, no bairro da Urca.

