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Leia aqui um poema de "a gaveta das coisas urgentes", de Nicola Gonzaga:

 

Quimio

 

ancorada no fiapo

 

atravesso pontes

 

na bolsa pequena um objeto pesado

 

é medo? - perguntaram

 

acho que sim, respondi

 

exponho as cicatrizes

 

analisam

 

já está bem melhor, disseram

 

exponho os dilemas

 

os hormônios,

 

os anti-hormônios,

 

as orações pra Deus,

 

tudo está bem, confirmaram

 

tudo é novo,

 

atestaram,

 

folha branca pálida, mas forte

 

dizem ‘guerreira’

 

não me recordo das armas

 

xena da modernidade,

 

deitei esperando a náusea passar

 

cabelo tá grande, falaram

 

respiro fundo:

 

tenho certeza que

 

tempo é minoxidil.

a gaveta das coisas urgentes, de nicola gonzaga

R$ 45,00Preço
  • Nicola Gonzaga é natural de Florianópolis e reside na Barra Funda, em São Paulo. Graduada em Letras Português e Mestre em Literatura brasileira pela Universidade Federal de Santa Catarina, tem nas palavras lugar seguro. Por alguns anos, manteve seus textos em gavetas, depois em pastas do Windows, com certa timidez de compartilhá-los, acreditando que escrevia apenas para se desabafar (narrativa clichê de todo escritor). Na pandemia reuniu seus poemas e agora sentiu que era o momento de abrir a gaveta.

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