Leia aqui um poema de "a pele carcomida do tempo", de Luiz Felipe Barros Silva:
De bike, Maceió é minha
pedalo como quem saúda a vida
o corpo, o suor a lágrima caída
ouvindo o mesmo álbum do Belchior
entre buzinas
vrams e vrums
ah! quantos versos já não se perderam no asfalto alagoano?
só meu já foram mais de mil
esquecidos pelo caos dos engarrafamentos da Fernandes Lima
quisera eu que um desses versos engarrafados
boiasse nesse oceano betuminoso
até ser lido no para-choque de um caminhão
ou numa faixa de pedestres desgastada qualquer
por outro ciclista que espera o sinal abrir
pedalo como quem ousa viver
reivindico meu espaço
onde não me cabe um dedo
entre os carros eu sou moto sem motor
na calçada dou meus passos bípedes
mas em formatos circulares
acionando a engrenagem que redireciona meu esforço
e me movimenta pra onde meus braços dizem querer
da Forene ao Centro
de Ipioca ao Pontal
de bike, Maceió é minha
é minha porque na verdade é nossa
a pele carcomida do tempo, de luiz felipe barros silva
Nascido e criado na periferia (conhecida como parte alta) de Maceió – Alagoas, onde ainda reside atualmente. Membro dos coletivos Guerrilha Poética e Daterra. Atua junto aos movimentos de luta pela terra do campo e da cidade. Possui formação em Geografia e Serviço Social, é Mestre e Doutor em Serviço Social pela UFAL. Amante das artes, dos esportes, da natureza e da luta por uma sociedade igualitária.