Leia aqui um poema de "a voz que rasga a noite", de Diana Meira:
súbito tapa lustroso na fronte turva,
o dia entrou como uma minivan sem freio
num poste torto à beira da maré bisonha.
respiro na rasura de anos de fumante.
levanto a cortina do olhar languidamente.
não tem a menor pressa de mim, a plateia.
decomposta palhaça a me esperar pra sempre.
a imperfeita make fia o honesto riso.
sobre todas nós, paira graça que se oculta.
a voz que rasga a noite, de diana meira
Diana Meira é uma escritora trans bissexual autista nascida em Ilhéus, no Bahia, em 1982. Jornalista com doutorado em Sociologia pela Universidade Federal de Sergipe, a autora assinou todas as suas obras até 2022 como Diego Callazans.
Publicou sete livros e um minilivro entre 2013 e 2022: "A poesia agora é o que me resta" (Patuá, 2013), "Nódoa" (poesia, 7Letras, 2015), "Blasfêmias" (minilivro de poemas, 7Letras, 2015), "Contos Estranhos" (7Letras, 2019), "Urinol" (romance, Caravana, 2021), "Teresa" (novela, Urutau, 2021), "Ensejo" (poesia, 7Letras, 2022) e "Nina e Paloma" (contos/novela, 7Letras, 2022).
Ela foi incluída em três antologias de poesia brasileira contemporânea, publicadas todas em Portugal ("Naquela Língua", Elsinore: 2017; "É agora como nunca", Cotovia: 2017; "Um Brasil ainda em chamas", Contracapa: 2022). "É agora como nunca" foi publicada no Brasil em 2017 pela Companhia das Letras.
Em 2018, foi selecionada para realizar uma residência literária de dois meses em Santa Catarina para concluir seu primeiro romance e aproveitou a ocasião pra escrever sua primeira novela.
Publicou contos e poemas em publicações literárias importantes, como a Germina, a Escamandro e a Modo de Usar.