Leia aqui um poema de "a última pedra", de Adriano Bittencourt:
A ÚLTIMA PEDRA
Tombam os cornos do templo
a guerra foi declarada
tarda a misericórdia
e o profeta emudeceu
E que venha a língua feroz
vingar viúva e órfão
pelo sangue
pela cinza
A lira ao longe
já se ouve dos muros
cada nota é um golpe
é chegado o triunfo:
Nada pelo pão vencido
tudo ao que o peito aspire
que seja essa inscrição
e a última pedra se atire!
a última pedra, de adriano bittencourt
Adriano Bittencourt possui uma trajetória intelectual e artística iniciada ainda na adolescência. Músico autodidata, optou por seguir o caminho das letras doutorando-se em Filosofia, culminando em um pós-doutorado em Literatura, a partir de onde redescobre a paixão pela poesia de Homero e Hölderlin, bem como por Poe e E. Cioran. Sob forte influência da tradição romântica, A última pedra, em seu diversificado repertório, capta o expressivo o desejo do autor em manifestar-se em favor da defesa da poesia e de sua urgente tarefa em um mundo onde autonomia e individualidade se encontram cada vez mais ameaçadas pelo controle ideológico, burocrático e tecnológico que se capilariza pelos diferentes espaços de produção de existência.

