Leia aqui um poema de "algar sentimental", de Letícia Alves de Sousa Soares:
MANHÃ DE MARÇO
Manhã de março,
Espero que a aurora, em sombra, se arraste
Um minuto a mais para preservar minh'alma
Pois, teu despertar, qual lâmina, me dilacera
E tu, aos sussurros venenosos, me condena
Depois, seca minhas lágrimas,
Interrompe minha fala,
Dizendo que a culpa é só minha e ordena pressa
Obediência cega, sem censura.
Durante o dia, forjo um sorriso
Ensaio uma fuga, que nunca acontece.
Sob teu domínio, corpo subjugado,
O poder invisível a me manipular.
Contenho meus tremores,
O local é inapropriado.
Rodeio teu pescoço, em falsa amante,
Rio nervosa, meus dedos se movimentam cuidadosamente…
Ondular completo sobre o polegar - ninguém viu meu sinal.
Ondular completo - ninguém me viu.
O meu óbito será imperceptível.
algar sentimental, de letícia alves de sousa soares
Meu nome é Letícia Alves de Sousa Soares: mãe, artista e pedagoga. Sou paulistana residente em Suzano/SP e escrevo para organizar o turbilhão, para traduzir a verborragia que me habita e acalmar as palavras ululantes da minha mente inquieta. A escrita, para mim, é mais do que ferramenta: é abrigo, espelho, possibilidade e auto salvação.


