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Leia aqui um trecho de "até você chegar", de Juliana Marques:

 

Toda boa história de amor tem sempre algum momento em que o casal namora de cadeirinha, apesar disso ser cada vez mais ultrapassado. Em algum momento de 2012, um ano antes do nosso casamento, eu e Guilherme sentamos na calçada da casa dos meus pais e proferimos diversos planos.

Naquela mesma noite, que a Lua assistia tudo e desconhecidos passavam pela rua, Guilherme me disse que poderíamos um dia adotar uma criança. Para ser mais específica, seria uma menina de até três anos. Falou de supetão, e eu embarquei junto na ideia, como em quase tudo em nossa vida. Quase tudo porque jamais permiti que ele colocasse uma bandeira de Game of Thrones no topo da nossa casa, muito menos que comprasse uma espada de samurai para compor a decoração da sala, mas a ideia de ter um filho gestado em nossos corações deixou os meus olhos brilhando.

Sempre pensei que um dia seria mãe, apesar do meu jeito com as crianças não ser muito compatível com a maternidade. Não conseguia incorporar o lúdico na fala, principalmente quando tentava iniciar algum diálogo com sobrinhos e primos. Depois de alguns anos casada, esse desejo, que desconfio sempre ter morado dentro de mim, foi crescendo pouco a pouco, até chegar a um tamanho que não conseguia mais medir. Simplesmente, os olhos marejavam instantaneamente ao ver uma grávida passar, mas sabia que precisava melhorar no quesito relacionamento com os pequenos.

Todos esses pensamentos rondavam a minha cabeça há algum tempo. Até que, um dia, ao organizar o meu trabalho de conclusão de curso da faculdade de Jornalismo, lembrei da conversa com o Gui e decidi que, no meu TCC, falaria sobre adoção. A Rosa e a Amanda, duas amigas que a graduação me deu de presente, também adoraram a ideia, e nos unimos para produzir uma revista sobre o assunto. A simples decisão sobre o tema deixou meu coração com uma sensação estranha: ora feliz, ora ansioso, inquieto e, por vezes, sufocante. Era como se o destino estivesse me inserindo, sutilmente, no universo da maternidade para que ela finalmente pudesse desabrochar.

até você chegar, de juliana marques

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  • Juliana Marques é escritora e jornalista cearense, autora do livro Entrelinhas (2021), coletânea de 30 crônicas que misturam reflexões, nostalgia e humor tendo Fortaleza como pano de fundo. Publica textos na internet desde 2017, em que compartilha percepções sobre a vida de forma íntima e sensível, e mantém a newsletter Prosa & Páginas, no LinkedIn, dedicada a crônicas, contos e indicações literárias. Integra o coletivo feminino Tear de Histórias, que busca dar mais visibilidade ao gênero, e também atua como ghost writer em projetos literários. Jornalista com especialização em Assessoria de Comunicação, soma mais de dez anos de carreira, com passagem pela rádio Band News FM Fortaleza e, atualmente, pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP/CE). É mãe do Levi Martins, o garotinho que trouxe ainda mais cor para sua vida.

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