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Leia aqui um trecho de "cadernos do fim", de Amin Zahluth:

 

  • O corpo é um só, embora fracionado em todas as partes; meu coração, um torvelinho pulsante na demasia de uma orfandade de lágrimas causadas; consigo vislumbrar o conceito do nada em uma totalidade seminal, lágrima por lágrima, suspiro após suspiro; vivo em várias partes quebradas em fanicos, pequenos cacos cortados pela miséria da vigília, pela funesta condição do sofrimento pelo abandono, estilhaçados pela mão metonímica de todos, a mesma que na entrada e saída dos dias se esmurra em minha face e pele de sensibilidade tão ímpar, desprovida dos pares que dão a resiliência às pessoas, homens e mulheres a viverem de maneira salutarmente sã para seguirem com seus caminhos palmilhados pelas suas vidas e livres-arbítrios; desde quando a vida é vida que a lamúria e o lamento me são a morada prisional dessa liberdade definida pela ausência da virtude, dos elogios e das risadas, das hilaridades plenas e sinceras, do sorriso à vida que, mesmo em dificultoso momento, ainda haveria de ver alguma boa manchete marcada nas entradas dos diários de suas vidas; sobretudo a credulidade sobre o que haveria de ser a existência de algo endeusado, sacro e alvo das preces dos homens pela ventura e fortuna é de minha invalidade ­­- trago o vinho do ópio desse tudo, desse tudo feito justamente pela mão da deidade, que, caso exista ou existisse, seria de serventia para as risadas de escárnio e de piadas por parte dos meus inimigos, os mesmos que sempre aqui estiveram, no meu rol, no meu âmago mesmo depois de todas essas mancheias de anos, orvalhando frêmitos de cianetos inspirados pela minha pobre respiração arquejante, à espera do próximo chofre a me invectivar e a me ferir com as suas peçonhas arredias e torturantes...

cadernos do fim, de amin zahluth

R$ 50,00 Preço normal
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Quantidade
  • Amin é professor de Literatura, graduado em 2022, e escritor desde quando a vocação lhe veio, pela via das provas lúgubres que a vivência proporcionara desde sua infância, perpassada por um pranto de origens várias: de sua condição de saúde, de seu histórico passado de abuso, entre outras estruturas de opressão que lhe causariam o apuro de ter escrito esta sua novela, depois de tê-las exposto em contos de crítica social, em um movimento externo a seu universo introspectivo.

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