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Leia aqui um trecho de "contos de uma mulher qualquer", de Ana Castro:

 

OLHA

 

          Eu quero mostrar uma coisa a ele, mas ele não quer ver. Fecha os olhos, põe a mão na frente do rosto, vira a cabeça.

          Por que você não quer ver o que eu preciso te mostrar?

          Não quero. Não verei.

          Não pode fazer isso por mim? Compartilhar comigo uma imagem? Nem precisa falar nada, nem comentar, nem fazer muxoxo.

          Eu não quero.

          Eu vou forçar suas pálpebras com meus dedos, e mesmo que você esteja cego, você vai olhar.

          Mas eu não vou ver.

 

          A imagem sombreada de uma mulher de meia idade, numa foto em preto e branco, com efeitos de luz difusa, olhando para a câmera e chorando com os olhos secos, já é de uma dor desmedida. Mas, essa mesma mulher, que além de tudo, ainda implora sem palavras que seja vista, aí já é nefasto. Eu sei disso. Mas insisto porque ser olhada é minha única maneira de existir.

contos de uma mulher qualquer, de ana castro

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  • Nascida na capital paulista, terra da garoa, criada no interior, Campinas, a antiga Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas de Mato Grosso.

              Desse encontro da cidade grande com a pequena, de São Paulo com Minas Gerais, de onde vieram meus pais, eu nasci. Escrevente há pouco tempo, venho me inspirando no clube literário de fortalecimento feminino CAPITOLINAS, do qual faço parte onde se lê e discute questões de gênero, violência, misoginia, através de livros contemporâneos.

              Também participo do clube MQLM, mulheres que leem mulheres, também um clube de leitura aberto a todas as pessoas que se identificam como mulher, que debate as questões sociais, antropológicas e históricas da condição feminina.

              Sempre fui leitora, tendo influências de Drummond, Clarice, Hilda, Cecilia, Lygia, poesias e prosas, romances e crônicas.

              A partir da minha escrita venho tentando manter minha identidade e veracidade. Sou mulher, mãe, filha, irmã, amiga, além de  exercer a psicologia clínica como profissão.     

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