Leia aqui um poema de "desertos", de Maria Galindo:
I
O sertão - longa distância
Tórrida terra
Tórrida terra
Tórrida terra
A flor do cacto é poema ao sol
Quente
Quente
Quente
O guizo da cascavel
Música
Música
Música
É aboio é guizo é aboio é guizo
A caatinga cobre o solo
Manta árida e seca
Áspera como a vida
De quem não tem o que comer
A sede assola a boca do vaqueiro
Sem boi
Sem chuva
Sem plantação
A água é:
Sonho
Desejo
Miragem
De sertanejo que peleja
Á beira da não esperança
Água
Água
Água
A luz cegante margeia os horizontes
Cadê a fé?
Traz chuva, São José!
Traz chuva, São José!
Traz chuva, São José!
desertos, de maria galindo
Maria Galindo é natural de Taquaritinga do Norte/PE e viveu em Santa Cruz do Capibaribe toda sua adolescência, onde fez os estudos primários e parte do secundário. Atualmente mora em São Paulo. Graduo-se em Letras pela UFMS e é doutora em Letras/Teoria Literária pela UNESP. É professora aposentada da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Começou a escrever desde muito cedo, fazendo da leitura/literatura um exercício de criação, no qual dá vazão às inquietações da alma e a necessidade que sente de escrever... Publicou três livros de poesia: o primeiro, Cor-de-rosa e Carmim (2002), pela Lei de Incentivo á Cultura do estado de MS; O segundo, O Sagrado Feminino (2013), através do FIP/Dourados MS; o terceiro, A Poesia de Maria (2019), pelo Coletivo Editorial/Taubaté.