Leia aqui um poema de "doce dos ossos", de Ingra Silvestre:
descanso
no meio da noite
longa
tive um sonho
troquei favores
com Asopo
levei água de rio
para uma família inteira
sobrevivo
enganando a morte
por um tempo
e no esgotamento
acabo tensa
de mãos cheias
de barro
acordo
no peso e carrego
não o peso de Sísifo
onde a rocha é sua casa
e pela ladeira cem vezes
recomeça
mas o peso do pobre
que quando descansa
carrega pedra
doce dos ossos, de ingra silvestre
Ingra Silvestre nasceu em Paraúna, Goiás, em 1992. Entre 2016 e 2020, atuou na rede municipal de ensino antes de se mudar para Londres, onde vive desde 2021. É mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Goiás, com pesquisa voltada às representações sociais e à alteridade na obra de Luiz Ruffato.
Sua trajetória inclui publicações acadêmicas, participação em conferências e projetos voltados à crítica literária e à difusão da literatura brasileira contemporânea. Além da docência em língua e literatura, desenvolve iniciativas culturais e de curadoria, unindo pesquisa acadêmica e práticas criativas na promoção da leitura e na valorização da literatura em diferentes contextos.
Estreará como cronista na antologia Sinais do Mundo (Editora Farol das Letras), vencedora do 1º Concurso Rubem Alves de Literatura – Gênero Crônica (2025). Doce dos Ossos é seu primeiro livro de poemas.


