Leia aqui um trecho de "entre cobertas", de Natália Elias:
Há casais que brigam por causa disso, da bagunça que o outro deixa em casa. Confesso que aqui os dois somos um pouco assim. Não arrumamos a cama diariamente e as coisas vão empilhando até que um de nós se cansa e a organização começa. Diria que o ambiente mais “organizado” da casa é a cozinha, domínio do Rodrigo. Lá, tudo está em seu devido espaço com base em uma organização meticulosa e eficiente. Nada pode ficar fora do lugar, pois pode afetar a produtividade na hora de cozinhar. Tá bom, então, ele que arrume, ué!
Se a pessoa vai reclamar que eu tô arrumando errado, então, ela pode fazer por si, não? É a mesma coisa que guardar roupa passada: se você vai achar ruim a maneira que a outra pessoa guarda, faça-o você! Fico incrédula com os parceiros que acreditam que os outros são funcionários deles e têm que arrumar as suas coisas. Ora bolas! Se você tem idade para estar em um relacionamento e morar com outra pessoa ou sozinho, você deveria saber arrumar suas coisas. Isso se resume a uma palavrinha só: responsabilidade.
Aqui, como ambos participam da zona, ambos arrumam (às vezes, a contragosto, verdade). A casa é dos dois e, apesar de não querer uma sala igual a da Kim Kardashian, um pouco de organização viria bem. Se bem que, só de deixarem minha mesa em paz, eu ficaria feliz. Não é pedir muito, é?
Lembro-me de minha infância. Minha avó morava em uma casa enorme e, em uma das salas, ela tinha muitas coisas que trouxera de suas viagens ao Japão. Eu e meus primos chamávamos o cômodo de “sala japonesa”. Ninguém podia entrar, brincar. Estava lá somente para ser vista. As visitas não se sentavam, todos tinham muito medo de algo dar errado lá. Geralmente, todos ficávamos mais confortáveis na sala de televisão, com o sofá mais fofinho, onde podíamos brincar com as coisas da mesa (muitos acidentes aconteceram com esses enfeites) e largar os sapatos. Até hoje minha avó me fala: “Ah, você quebrou a mãozinha da minha boneca de não-sei-onde fazendo não-sei-o-quê”. Depois de irmos embora, ela saía catando tudo pela casa e ainda reclamava da bagunça que ficava.
Se você não se identificou com a parte da casa que arruma, baseada em minha premissa, tenho uma má notícia… É possível que a pessoa da bagunça seja você. Se você pensar bem e não for, então fique atento… Sua casa pode acabar virando uma peça de exposição, talvez não como a da Kardashian, mas algo bem inibidor, como a sala japonesa de minha avó.
entre cobertas, de natália elias
Meu nome é Natália Elias e moro em Madri, na Espanha, há oito anos. Tenho dois filhos pequenos que são minha inspiração em (quase) tudo. Sou natural de São Paulo, casada, e tenhos dois filhos que são minha grande paixão. Tenho 14 livros publicados. Amo escrever variando de livros para bebês, passando por poemas até livros técnicos de informática. Sou formada em Jornalismo e Relações Internacionais e tenho dois MBAs, um em Agronegócios e um em Direção de Empresas. Hoje escrevo para trazer alegria e cor ao mundo, usando a imaginação e o cotidiano como pano de fundo para as histórias que escrevo.