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Leia aqui um trecho de "las noches locas de laloca", de Marcelo Antunes Alves da Costa:

 

Tony parou diante do espelho, mas não conseguiu se enxergar. Limpou a superfície embaçada pelo vapor da ducha quente com a palma da mão, e o espelho revelou tudo que o DISCRETO_LIBERAL fez questão de lembrá-lo há pouco, embora não precisasse. Era velho, sabia melhor que ninguém, o RG não lhe deixava esquecer. ANTÔNIO LOPES CASTAÑARES, nascido no Rio de Janeiro aos 28 de outubro de 1945.  Impresso em caixa alta, tão gritante quanto os poucos fios brancos que resistiram ou os pés de galinha que abatiam um olhar já abatido pela vida de quase oito décadas. O pior, no entanto, era o pescoço. Flácido e enrugado, indubitavelmente seu maior atestado de velhice. Lembrou da mãe e da preferência por golas altas depois de certa idade. Faria o mesmo, não vivesse numa cidade onde o verão durava doze meses.

 

“Me passa a toalha”, o DISCRETO_LIBERAL pediu, a cabeça enfiada para fora do box, a água ainda escorrendo pelo corpo parrudo e peludo. Sentia-se meio tonto, como se tivesse levado uma porrada na cabeça, e não foi isso que acabou de levar, o garotão dizendo que não era ele na foto do app?  Jurava que era, achava o quê, que colocaria a foto de um aleatório só para descolar uma trepada, e desde quando precisava disso, tinha o homem que desejava na hora que quisesse. O DISCRETO_LIBERAL  riu e disse para relaxar. Muita gente recorria ao expediente, era mais comum do que imaginava.  Que fosse, mas não era o  caso, frisou. Tirou aquela foto em Tel Aviv, uma segunda lua-de-mel com  Ibrahim, em 1990 e…

las noches locas de laloca, de marcelo antunes alves da costa

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  • Nasci em Niterói, mas quem vive mesmo em São Gonçalo são as lembranças e os ecos da infância. Cresci no meio de livros, aqueles que a vizinhança se amontoava para ver, enquanto eu mergulhava nos enciclopédicos labirintos da Barsa. Geminiano, indeciso como sempre, já quis ser astronauta, ator e monge budista, mas, no fim, ficou a escrita, que nunca me largou. Estudei História, mas a primeira opção sempre foi contar histórias, e chegou a hora de fazer isso de verdade.

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