Leia aqui um poema de "livro de inutilidades amorosas", de Bhuvi Libanio:
Deixe o Réquiem para depois
Confundi Réquiem com Prelúdio.
Há um trem que trafega em mim.
Já escutou as Bachianas hoje?
Larguei a louça suja na pia e
fui arrumar a cama.
Sacudi a colcha de piquê,
pelos brancos e pretos
felinos voaram.
Por vezes, enxergo em câmera lenta
e sussurro;
ouço Deus neste vento.
É impossível olhar para as pessoas
sem sentir que carregam em si uma história
que desconheço.
São inúmeros os passos que percorrem esta estrada
e levantam a poeira do chão.
Pés que levam acima de si
uma cabeça
e muitas ideias.
Quando foi que percebeu
que está envelhecendo?
Todo o mundo está,
nem todo ele sabe.
Mozart compôs a própria
Missa pro defunctis. Cogita-se.
Ré menor, por favor?
Luigi Cherubini, o Réquiem No. 1 – Dó.
O dois e o três também. Já escutou?
Mas não tenho tempo
para morrer agora.
Então danço ao som
de minha risada –
prelúdio em fumaça
da fornalha do meu trem.
Já escutou as Bachianas hoje?
Deixe o Requiem
para depois.
livro de inutilidades amorosas, de bhuvi libanio
Amante das linguagens, Bhuvi Libanio escreve e traduz – prosa, poesia, legenda, falas, pensamentos e experiências. Formou-se em Letras, tornou-se mestre em Literatura, especializou-se em Estudos de Mulheres e de Gênero e aprofundou-se em Direitos Humanos. Sua mais intensa e profunda formação é a dedicação diária ao caminho do Amor, da meditação e do silêncio, uma jornada sobre a qual mantém registros em algumas redes sociais. Além deste e de outros quatro livros, escreveu crônicas para revistas eletrônicas, contos para antologias, roteiros, cartas para pessoas amadas, listas, cartazes… Sempre com Amor.