Leia aqui um poema de "movimentos", de Daniela Camargo:
Mora em mim
Mora em mim uma anciã
Clara como aurora
Que se torna tarde
Sem aflição.
Mora em mim uma criança
Que brinca na areia
Esquece o tempo e a fome
Adormece sem perceber
E ri sozinha em suas estórias.
Mora em mim um pássaro
Que voa livre e descansa no chão
Sabe a rota sem pensar
E retorna sempre ao seu lugar.
Mora em mim um som
De tempos marcados
Contratempos disformes
Arranques e arremates,
Silencioso movimento.
Mora em mim uma chama
Que mantenho fechada,
Pois com ar queimaria o todo ao redor…
Fera selvagem,
Lava que rompe a terra,
Carbonizando o caminho.
Fogo meu que evaporaria a água.
Mantenho dentro,
Para banhar meus leitos com rios,
E a vida seguir seu curso
Refazendo-se.
Sem incinerar o amor
Com única fagulha de mim…
movimentos, de daniela camargo
Daniela Camargo de Oliveira, nascida em São Paulo na década de 70, cresceu em Campinas onde aprendeu a ler e gostar de poesia com sua mãe professora, que lia poemas para que dormissem. Iniciou seu gosto por escrever ainda na escola fundamental, decorando cadernos com versos autorais que seu pai datilografou para concursos. Publicou em jornais da escola e folhetins de estudantes da UNICAMP na década de 90 e no jornal do CRM de Piracicaba em 2020 a convite do Dr. Humberto Passos. Publicou em 2021, no livro “Poderosa Leveza de Ser”, em homenagem à autora-amiga Renata Isa Santoro, e mais recentemente, teve textos aceitos para coletâneas da Escola de Escritoras de Débora Porto, onde estuda para aperfeiçoar sua escrita. Suas produções literárias, antes publicadas apenas em rede social privada, agora podem ser lidas em pequenas porções no instagram @damargo_poesia.