Leia aqui um trecho de "o câncer - crítica da oncologia política", de Antonio Uchoa Neto:
O Homem é o câncer do mundo; esta é a tese, não inédita, não original, não científica, mas puramente filosófica e especulativa - em uma palavra, literária - que este pequeno livro procurará demonstrar. E o câncer é a negação da cosmovisão cristã da vida. É a negação do ser humano como criação unitária divina. E todo o desenvolvimento sócio-cultural do homem, a sujeição que este impõe à Natureza, tem o caráter de expansão desordenada e generalizada, de uma doença que suga e resseca a vida, ao tempo em que cresce e se espalha, esteriliza as relações entre todos os seres vivos do planeta - e não apenas entre os homens. Não se fará, aqui, qualquer tipo de apologia a uma suposta superioridade do primitivismo, seja cultural ou natural, como estado ideal da humanidade, ou a um retorno a uma Idade de Ouro que a ambição e o progresso conspurcaram. Não se descreverá um Éden primevo, povoado de animais e plantas não muito distintos entre si. O sexto dia, lamentavelmente, é um fato irreversível. As coisas acontecem, em sua sequência natural ou forçada, alteradas por inclinações próprias ou circunstâncias externas de toda ordem, da única forma que lhes é possível acontecer - pois já aconteceram. A frase que planejei escrever já está escrita - e nada a fará retornar ao limbo de minha mente. Só o passado existe, e só o futuro existirá, sendo o presente um átimo infinitesimal entre uma coisa e outra - um estágio da metástase que somos. O presente está espremido entre o passado e o futuro como a vida está entre o nascimento e a morte - apenas o intervalo, aqui, é mais prolongado. Mas a evolução da Humanidade não é um fatalismo abstrato, não é a não-existência inevitável do presente; é uma lógica única e inquebrável, essencialmente matemática, uma soma de acasos que multiplicam possibilidades infinitas mas um só desdobramento efetivamente obtido. Em resumo, um câncer.
o câncer (crítica da oncologia política), de antonio uchoa neto
Antonio Uchoa Neto, nascido em Recife-PE, hoje radicado em Salvador-BA, após algumas peregrinações em São Paulo e Rio, onde tentou, sem sucesso, publicar. Hoje funcionário terceirizado do Estado e ainda não aposentado (falta pouco), retomou a vocação e já alcançou publicar uma obra. Acredita – mas sem fanatismo – na força da palavra para, hoje, contrabalançar o extraordinário poder da imagem como moldadora dos corações e mentes de millenials e demais filhos dessa era digital. Em tempo, Antonio Uchoa Neto já era adulto e consciente, pensante e dotado de capacidade crítica e de julgamento, quando essa praga começou. Se ‘praga’ lhes parecer uma expressão inadequada, podem substitui-la por algo como...bem por algo ad libitum.