Leia aqui um poema de "o lugar que não existe (mas sou eu)", de Lara Passini Vaz-Tostes:
Há lugares que não se veem nos mapas.
Nem nas fotos, nem nos nomes, nem nos rostos.
Há lugares que só existem no espaço entre o quase e o depois.
Entre a palavra que não foi dita e o grito que ainda ecoa.Esse lugar —
não é feito de terra.
Nem de pedra.
É feito de espelho, silêncio, memória e pausa.E eu o habito.
Mas não como quem mora.
Como quem procura.
Como quem atravessa.Cada conto que se sonha aqui,
não é história —
é um quarto desse lugar que não existe,
mas que fui descobrindo ser eu.Entre janelas que respiram,
cidades que dormem,
salas suspensas e conchas que cantam fogo,
descubro:
não estou perdida.
Estou inteira em fragmentos.Se você, leitor, sente que às vezes não pertence a canto nenhum —
quem sabe, ao me ler, se encontre.
Ou ao menos saiba:
o lugar que não existe…
existe.
E pode ser você também.
o lugar que não existe (mas sou eu), de lara passini vaz-tostes
Lara Passini Vaz-Tostes escreve como quem caminha por espelhos que respiram. Graduada em Direito pela UFMG, dedica-se à travessia entre ética, literatura e memória. Encontra na palavra um abrigo e um modo de existir. Este é seu primeiro livro publicado, mas desde sempre ela escreve para lembrar que o lugar que não existe… existe. E pode ser você também.