Leia aqui um poema de "onde meu corpo coincide comigo", de Gabriel Góes:
Quando estou perdido
não fico parado,
nem saio do lugar.
Na incapacidade da espera
ando em círculos.
Na ilusão de me manter
em movimento
vou cravando pegadas
no chão concreto,
enquanto cavo buracos
no abstrato chão
dos pensamentos.
Inebriado de ideias
pela metade,
envenenado de raciocínios
sem fundamento.
Quando estou perdido
me sinto pequeno
e é como se qualquer besteira
pudesse me tirar do prumo.
(Como se a menor flecha
fizesse o maior furo)
onde meu corpo coincide comigo, de gabriel góes
Gabriel Góes é ator, arte-educador, escritor, fotógrafo, compositor, bacharel em artes cênicas pela UNICAMP. Em 2021 sua foto-performance “Pescaluz” foi selecionada na Mostra Museu, exposição internacional de arte na pandemia. Como escritor, em 2019, venceu o 4º Concurso Literário Conto Brasil - Minicontos da Editora Trevo, com o conto “Plano”; e, em 2022, teve seu livro de poesia "Sintaxes" publicado pela editora Patuá. Ao lado de Rafael Nascimento, integra o projeto musical intitulado "Aqueles Dois", com um EP chamado “Coisa Primeira” e um disco a ser lançado em breve. Atualmente cursa Licenciatura em Artes Cênicas na USP e integra a Cia. Artesãos do Corpo, sob direção de Mirtes Calheiros. Ainda em processo de viabilização, o autor possui dois espetáculos solos que reiteram temas investigados em seus poemas, como o vazio, o silêncio e a ausência. São eles: “Vazio ao lado”, sob direção de Junior Romanini, e “Como ler uma folha em branco?”, gestado no núcleo de pesquisa do Espaço Sergipe, sob a orientação de Cassiano Sydow e Diego Marques.

