Leia aqui um poema de "ordinária tragédia da carne", de Matheus do Espírito Santo:
Nietzsche vai à Síria
Eu sou um trem desgovernado
partindo de lugar nenhum
com destino ao centro miscigenado
de um refugiado que se nega à cura.
Mistura interna de um Cazuza
que dispensa o analista
com um adolescente imaturo
que age de má-fé.
Há um caminho tortuoso ao centro
vazio, triste e desamparado.
Idiota cavalgando em seu burro alado
rumo ao que se é.
Não há fuga para um
refugiado clandestino se não
o encontro consigo mesmo.
É preciso tornar-se um destino.
ordinária tragédia da carne, de matheus do espírito santo
Matheus do Espírito Santo nasceu em Ponta Grossa, Paraná, onde vive atualmente. É professor de filosofia e escreve poemas desde 2020. Sua obra investiga o inconsciente, o corpo e as relações sociais, explorando a tensão entre desejo, existência e tragédia cotidiana.

