Leia aqui um poema de "paisajes / cancioneiro das misérias", de Mateus Schlickmann Philippi:
Lírios do campo: cordel
Permita-me me felicitar
com um paisaje
de lírios do campo
e rosas carmim,
mas dai-me, no entanto,
rosas sem espinhos.
Quero livres caminhos,
picadas limpas de farpas
e uma paisagem
macia por esses campos florais
gentilmente a nos verem
cantando doces cores.
Esses são meus amores,
tentando ser musical,
sinestésico, consumado
no coração que quero
transmutar into the other shore:
far-me-ia feliz.
Sou um poço
de histórias infelizes,
mas sabeis que sim,
sim sim: desejo
transmutar into the other shore
esse meu histórico coração.
Esse é meu cordelito,
dentre os paisajes
deixo um coração
que aspira à alegria;
seja eu sem limites,
sem limites para sonhar!
E meu sonho de coração
é sobre lírios do campo.
paisajes / cancioneiro das misérias, de mateus schlickmann philippi
Mateus Schlickmann Philippi é um artista do aberto. Nascido e residente em Lages, na Serra Catarinense, tem emergido cada vez mais como um poeta de qualidade. Já acumula três livros escritos (um ainda está escondido para publicação no momento oportuno), mesmo aos 15 anos, demonstrando uma forte voz literária. Publicou, independentemente, a obra Divina (Imanente) Comédia, a qual escreveu ao lado de Pedro Svieck, um jovem de escrita muito sensível. Combina expressionismo e simbolismo em suas obras, sendo frequentemente comparado, em questões de estilo, a Augusto dos Anjos. Por meio das palavras, tece críticas aos sistemas de opressão perpetrados na sociedade contemporânea, buscando se posicionar ativamente no mundo que o circunda. É, enfim, o grito de uma juventude que clama por mudança — desde os grandes até os pequenos centros do país, em todos os espaços — e Mateus é uma voz que se destaca dentre essa juventude.

