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Leia aqui um trecho de "pequena caixa de horrores", de Jaque Machado:

 

— Delegado Walter, tenho ela na mira.

          — Mantenha, sargento… vou aproximar… Senhora Cardoso, baixe a arma.

          — Não! Não posso!

          — A menina, senhora Cardoso, onde está?

          — Ela vai atirar Delegado, posicionou o dedo no gatilho.

          — Você não precisa fazer isso, Senhora. Baixe a arma, por favor.

          — Atiro nela?

          — Nada da menina?

          — Negativo, Senhor! Mas tem um adolescente dentro da casa, Senhor, posso vê-lo atrás da cortina.

          — Não atire, ainda não, Sargento! Senhora, você está sozinha?

          Ela chacoalhou a cabeça num sim, deu um golpe de vista na janela, depois meteu o cano da arma na têmpora, tremendo.

          — Onde está a menina, Senhora Cardoso?

          — Ela vai puxar o gatilho, Senhor!

          — Espere! Espere! Queremos ouvi-la, Senhora! Sei que está nervosa e triste… que tem suas razões…, mas precisamos saber se a menina está bem…

          Os olhos de Angélica estalaram, o pranto deformava sua face, mas ao ouvir sobre a menina, a mulher trajada com uma camisola ensanguentada à varanda não se conteve.

          — A menina morreu.

          Sem hesitar, num lapso de sanidade, ela puxou o gatilho. O longo cano ferveu, veio o estopim e o som agudo da explosão, e uma última bala foi projetada na sua cabeça. O solavanco violento jogou o corpo para a direita, um jato de sangue, fragmentos de ossos e miolos tingiu o pilar de concreto com uma massa vermelha antes que as pernas tivessem amolecido completamente. Só então, mirando as duas viaturas sob o entardecer alaranjado, é que tudo ficou escuro.

          O corpo morto de Angélica fez a derradeira trajetória até o assentamento de ladrilhos hidráulicos onde pulava amarelinha na infância, sem poder fechar, em definitivo, as vistas…

pequena caixa de horrores, de jaque machado

R$ 45,00Preço
  •         Jaque Machado é natural de Rio Grande, Rio Grande do Sul, é escritora por procuração, tradutora, revisora, advogada e professora. Mãe, feminista e ativista. Participou de concursos e antologias desde a infância, mas principalmente iniciando sua escrita já nas áreas a que se dedica hoje em dia, a fantasia e ficção sombrios e horror, publicando desde 1996. Já escreveu para sites de forma autoral e como fantasma, exerce a escrita por procuração desde 2011 de forma profissional. Seus mais recentes livros publicados são Endogata, Vampiros: festim de sangue e a série Horrores do Sul (1, 2 e 3). Possui um canal no YouTube onde divide suas experiências com jovens escritores. Possui um perfil no Instagram no qual aborda a escrita profissional e divide experiências sobre as diversas formas do horror. Instagram @jaquemachadoescritora

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