Leia aqui um poema de "poesia é compromisso", de H.M. Alves:
 
Ode ao político da ordem*
 
Eu insulto o político! O político ladrão,
O político-político
A locução bem-feita de palavras sem sentido
O homem-roubo! O homem-lastima
O homem que sendo senador, presidente, vereador
É sempre um mentiroso charlatão. 
 
Eu insulto as promessas mentirosas
Os aristocráticos ladrões! Os condes sistemáticos! Os distintos parlamentares!
Que ganham o vosso voto todo ano. 
E sempre roubando seus mil-réis básicos 
Para dizerem que os filhos dos senhores falam inglês
E tocam nas melhores boates. 
 
Eu glorifico o político honesto. 
E não o indigesto feijão com toucinho, dono do caixa dois
Fora com os filhotes da ditadura 
Olha a vida dos nossos cidadãos
Ganhará? Perderá? Eleição.
É o que importa aos liberais
O êxtase do lugar ao sol 
 
Morte à fartura
Morte às adiposidades cerebrais
Morte ao político banal
Ao político de lá! Ao político daqui!
Roubadores de sonhos! V de Vingança
“Ai, filho, que te darei pelos teus anos?”
“Um carro” com o dinheiro do povo
“Mas eles morrerão de fome!”
 
Mata! Mata-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
Oh! Máfia mal organizada
Oh! Dinheiro na cueca! Oh! Fascistas!
Ódio aos alimentadores do sistema
Ódio ás suas casas chiques! Morte à infâmia!
Ódio à escrotidão! Ódio ao pão e circo!
Ódio aos sem ética nem arrependimentos,
Sempre de comunhão com a mídia convencional!
De mãos nas costas! Estou eu, de mãos atadas!
Dois a Dois! Ganhando posição! Milhões!
Todos para a votação, como robôs.
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao político sem escrúpulos.
Que reza ao deus mercado
Ódio Vermelho! Ódio Fecundo! Ódio Trabalhador!
Ódio Revolucionário, sem anistia!
 
Fora! Fu! Fora político da ordem!
 
*Versão/paródia do poema “Ode ao Burguês” de Mario de Andrade