Leia aqui um poema de "poeta torturado", de Allan Lima:
O respirar da morte
Na madrugada escura do meu quarto,
pés descobertos, brisa fria;
senti algo, um barulho,
me lembrei: a casa está vazia;
permaneci imóvel, assustado
suspirando devagar
se tem algo nesta escuridão
certeza que vai me tocar
senti um estalar
como se fosse um dedo
não veio das minhas mãos
isso aumentou mais o meu medo
o pior aconteceu
ouvi um respirar
bem próximo ao meu ouvido
me coloquei a chorar
trêmulo, arrepiado, sem coragem
ainda deitado
não sabia o que era
mas tinha algo ao meu lado
o terror gélido, de outro mundo
estava pelo meu quarto inteiro
me lembrei de algo, um objeto
meu celular debaixo do travesseiro
com as mãos frias e ainda trêmulas
levei uma delas abaixo do travesseiro
ativei a lanterna do celular
iluminei o quarto inteiro
meus pés descobertos, minha cama
meu guarda- roupas, meu ventilador
tudo em seu devido lugar
exceto algo, pro meu pavor
a porta do quarto, que dava pra sala,
estava aberta, mas eu a havia fechado
a luz da lanterna iluminou o sofá da sala
havia algo distorcido, nele sentado
a presença não era humana
era devastadora, dava pra ser sentida
me olhava com tanta raiva
como se fosse me tirar a vida
perguntei num grito “o que você é?”
a coisa se mexeu, meu corpo todo gelou
a escuridão tomou conta de tudo
a lanterna apagou!
a luz voltou a acender
a lanterna novamente minha aliada
quando voltei a luz pra porta aberta
iluminando a sala
a coisa desapareceu
deixando apenas fumaça
a fumaça foi desvanecendo
até não existir mais!
levantei, olhei a casa toda
tudo vazio, eu descalço, chão frio
fechei a porta do quarto, deitei
ao fechar os olhos, voltou o arrepio
eu não estava deitado sozinho
algo maligno, ao meu lado, me disse “oi”
e foi assim que, de maneira fugaz...
a minha vida se foi!
poeta torturado, de allan lima
Nascido em 18 de janeiro de 1995, na cidade de Monte Azul Paulista – SP, Allan Junio Souza Lima é apaixonado pela leitura e escrita desde pequeno. Muito estimulado pela mãe, Silvana Jacinto, e pelo avô, José Carlos Jacinto, ele viajava em histórias de contos de fada e versos de poesias. Desde os 8 anos, falava em ser professor, pois era encantado com o universo escolar.
O autor, que vive na cidade de Barretos- SP, estudou em escola pública até o ensino médio. Graduou-se em Licenciatura em Pedagogia (2020), pela UNIFEB, onde seu tema de TCC foi “Contação de Histórias”.
Durante a graduação, participou de teatros, contando histórias para centenas de crianças no projeto “Arena da Ciência”, no Parque do Peão de Barretos. Hoje (2025), recém pós-graduado em “Especialização em educação escolar sob uma perspectiva dialógica e emancipatória”, pelo Instituto Federal – Campus Barretos, atua como professor na rede pública de Barretos. A área da educação é sua paixão e ele acredita no papel transformador dela.

