Leia aqui um poema de "qualquer um - uma história de superação e luta social", de Vaninho Viana:
Zeca era um rapaz como tantos outros, mas com uma história que carregava a essência de quem nasce à margem, em um lugar onde a vida parece sempre começar em desvantagem. Ele morava na periferia da capital do Espírito Santo, em um bairro simples, onde as casas se amontoavam em ruas de terra batida e os sonhos, por vezes, pareciam tão distantes quanto o horizonte.
Sua família era pequena, mas sólida como uma rocha. Seus pais, Francisco e Nalva, eram pessoas de poucas letras, mas de uma honestidade que brilhava como farol em meio à escuridão. Nalva, a mãe de Zeca, era cozinheira em um restaurante modesto da região. Suas mãos, calejadas pelo trabalho, eram capazes de transformar ingredientes simples em refeições que alimentavam não só o corpo, mas também a alma de quem as provava. Era uma mulher de sorriso fácil e coração grande, sempre pronta a acolher o filho com um abraço apertado e palavras de incentivo.
Já Francisco, o pai, era um homem de poucas palavras. Trabalhava duro em um supermercado, de segunda a sábado, carregando caixas e organizando estoques. No domingo, seu único dia de descanso, ele mal tinha forças para levantar da cama. O cansaço físico e emocional o mantinha distante de Zeca, embora no fundo nutrisse um amor profundo pelo filho. A relação entre os dois era marcada por silêncios e gestos discretos, como um olhar de aprovação ou um toque sútil em seu ombro.
Zeca, por sua vez, era um jovem sensível e observador. Com a mãe, tinha uma conexão forte e afetuosa. Era ela quem o ouvia, quem o aconselhava, quem preenchia o espaço que o pai, involuntariamente, deixava vazio. Com Francisco, a relação era mais contida, mas não menos importante. Zeca admirava a dedicação do pai, mesmo que não soubesse como expressar isso.
No núcleo familiar de Zeca, o amor não era dito em palavras grandiosas, mas em gestos simples, no café da manhã que Nalva preparava com cuidado, no dinheiro que Francisco guardava para comprar um presente no Natal, no silêncio compartilhado à mesa durante o jantar. Era uma família que lutava, que resistia, que seguia em frente mesmo quando o mundo parecia querer empurrá-los para trás.
qualquer um (uma história de superação e luta social), de vaninho viana
Edelsivano Oliveira Viana, mais conhecido como Vaninho, é graduado em História e atualmente estudante de Terapia Ocupacional. Servidor público há quase duas décadas, concilia sua atuação profissional com uma intensa participação em iniciativas culturais e sociais. Integra coletivos de cultura, grupos literários e associações comunitárias, promovendo ações voltadas para o fortalecimento da arte, da literatura e da cidadania.
Natural de Ecoporanga, Espírito Santo, Vaninho tem se destacado como escritor sensível e engajado, com publicações em diversas coletâneas de poesias e contos. Participa ativamente de encontros e eventos literários, onde compartilha sua escrita marcada por emoção, crítica social e profundo senso de empatia.

