Leia aqui um trecho de "quem te colocou no colo, menina?", de Uiara Diane Costa Lima:
Existo, mas não só
Inspiro. Expiro.
Inalo. Exalo.
Nesse ritmo de vai e vem, vou entrando em estado meditativo. Vou descendo ao profundo em mim.
O mundo, tal qual se apresenta, tal qual construímos uma imagem e relação para vivermos nele, nos rouba de nós. Nos afastamos do real de nós mesmos na ânsia de atendermos ao que o "mundo" exige.
Quem verdadeiramente somos quer emergir, pulsa em nós. Nossas entranhas estranhas querem nos apresentar modos de ser mais autênticos, mais singulares...
O que sou, tão distante do que tantos conseguem dimensionar, requer tempo e espaço para ser fora o que queima por dentro.
Existe um lugar em mim onde posso me acolher, me amar, me cuidar. Estou só. Sou só. Energia, pura, pulsante, vívida, brilhante, se fez corpo, carne, errante para aprender a amar.
Que eu flua, que eu cante, que eu erre, que eu levante. Que creia, que eu agradeça, que eu ame, que eu esqueça.
quem te colocou no colo, menina?, de uiara diane costa lima
Me chamo Uiara Diane Costa Lima, sou natural de Cacoal/Rondônia, mas em minhas veias corre um sangue misto de uma baiana com um mineiro. Sou amante dos livros, de histórias, do mar e de tudo o que tem vida (entenda bem, ter vida é diferente de estar vivo!). Meu relacionamento com as palavras começa na infância quando eu me pego pensando em quantas combinações e sentidos diferentes podemos formar com elas, quantas palavras eu havia dito num dia e no jeito personalizado que cada pessoa tinha ao contar seus relatos quando eu as assistia debruçada no balcão da loja dos meus pais. Cresci, estudei e adulteci e consequentemente a vida prática me roubou totalmente do mergulho em meu mundo interno e de acesso às palavras. Depois de formada em Administração, Mestre em Psicologia, virei Psicóloga organizacional e do Trabalho, olha que fuga interessante! Às voltas com a formação em Psicanálise e de tanto falar em minha própria análise, eis que as palavras começam a voltar com tudo. Hoje, brotam e se derramam pelos meus poros, ainda que eu ainda não as domine tão profissionalmente. Mas me sinto uma artista, com alma bonita, enfeitando a dor. Desbravando e mapeando um mundo que antes era tão só e meu. Entrego nesses escritos, meu sentimentos mais escondidos na ânsia de resgatar uma coisa que eu tinha chamada esperança. “Quem te colocou no colo, menina?” é cantiga e reza que eu gostaria de sido ninada e intercedida por alguém. Mas que me chega como benção para curar minha criança e servir de colo, mesmo que invisível, para tantas pessoas dispersas e longes de si por aí.