Leia aqui um poema de "rajadas noroeste sempre atingem o meu barco", de Pedro Índigo:
São Vicente
O sol beija a minha pele
E a brisa leva o que não é leve
Aqui o astro que queima não fere
E o corpo pede que arda mais
As ondas se movem suavemente
Até que batem contra as pedras novamente
Se desfazem, mas retornam, insistentes
Garotos beijados pelo sol caminham
Marrons, dourados e suados
Levando a areia da praia nos pés
E me apaixono por eles toda semana
A água salgada, em mim ou vista a distância,
Me acalma, me inspira, me ganha
Me entende mais do que qualquer pessoa
As árvores, coqueiros e a grama
Me dão o oxigênio de que preciso
Brilham no sol e falam comigo
Me convidam a sentir mais de leve
O clima pede que eu pedale
Que eu faça uma trilha
E as vezes que eu embale
Dois ou mais amores de verão
São Vicente pode não ser um sonho
Quando o caos humano a invade
Mas não há nada mais suave
Que a calma e a luz
Das praias da minha cidade
rajadas noroeste sempre atingem o meu barco, de pedro índigo
Pedro Índigo é um poeta e professor natural de São Vicente, no litoral de São Paulo. É bacharel em Letras - Português/Inglês pela Universidade Federal de São Paulo e pós-graduando em Produção Literária e Escrita Criativa pela FMU. Índigo já lançou sete zines digitalmente e, em 2025, publicou "Beber o mar parece uma boa ideia", seu primeiro livro de poemas completo, pela Editora Libertinagem. Seus poemas pautam sentimentos complexos, vivências litorâneas e identidade queer pelo uso simbólico e poético de paisagens urbanas e tropicais de sua região.