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Leia aqui um poema de "um breu", de Ramon Amorim:

 

O BOJO DAS COISAS

 

O canto que fiz
não me fez passarinho.
As façanhas da vida,
escondidas nos males,
espantadas para os vales,
vibram em alinho.

O amor que ofereço
não me faz um amante.
Coroado, sou rei,
coração que surrei
na sangria pulsante.

As palavras que teço
não fazem de mim menestrel.
Prendam todos os bardos
que não carregam o fardo
de se pôr no papel.

As histórias que conto
não fizeram de mim tecelão.
Teadas perdidas,
noites mal dormidas,
sem rumo ou visão.

As ideias que tenho
não me fazem um sábio.
Naquelas artérias,
nada vira matéria,
som que não move lábio.

A vida que tenho
não fez de mim otimista.
Erguido em escombros,
me apoio nos ombros
como um cego na pista.

um breu, de ramon amorim

R$ 50,00Preço
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  • Formado em História pela Universidade do Estado da Bahia, o baiano Ramon Amorim registrou seus primeiros escritos aos 19 anos. Desde então, a poesia se tornou uma forma de habitar o silêncio e de organizar o caos interno. Surge a vontade de publicar seus textos no desejo de compilar aquele montante de material e compartilhá-los. Na obra inaugural Um Breu, transita entre lirismo e vazio, explorando afetos em ruínas, sombras e memórias persistentes.

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