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Leia aqui um trecho de "uma morte para satoshi kurusawa", de Rafael Rissoli:

 

Kurusawa passara a rechaçar internamente de todas as filosofias bélicas, da esgrima ou qualquer forma de se buscar sentido ou nobreza na guerra, a qual o evocava apenas visões corpos e corações mutilados, lágrimas e sofrimentos, os quais ele sequer poderia se lamentar abertamente, afinal, ele refletia, se saíra vivo junto de seus soldados após cada combate, sorte que seus adversários não tiveram! Suas reflexões o fizeram abominar em segredo toda exaltação à guerra, a qual que considerava uma tentativa dos nobres em buscarem algum conforto em meio ao horror que eles sabiam provocar nos outros já que, sejam eles adversários ou aliados, o maior sofrimento recaía sempre sobre os buscavam uma vida de paz. Kurusawa pensava, em maio à sua desolação, que nem mesmo milhares páginas de poemas e cânticos poderiam apagar ou mesmo suavizar as memórias horrendas que guardara da guerra. O cheiro da morte, do desespero e da dor alheias, que impregnara suas narinas e sua alma, formaria sempre um rastro por qualquer caminho que sua linhagem nobre seguisse e, apesar disso, ele pensava, sempre voltava vivo, sadio e cada vez mais vazio para o aroma doce e suave de mais um gole de saquê. Um brinde à Morte, que um dia a Sorte me conceda encontrar! Ele repetia, a cada batalha vencida, em meio ao silêncio e a solidão de seus pensamentos.

uma morte para satoshi kurusawa, de rafael rissoli

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  • Rafael Rissoli nasceu em 1987 na pequena cidade de Lucélia, interior de São Paulo, em uma madrugada fria de outono. Teve sua boa parte de minha infância entre o sítio dos avós maternos e a banca de revistas dos avós paternos. Com o tempo vieram os falecimentos dos avós, a banca se tornou apenas memória e sentimento, uma sensação estranha de estar em casa em qualquer banca de jornal. O sítio também se foi, mas, assim como a banca, se converteu em um sentimento: uma serena alegria ao sentir o ar fresco de qualquer roça ou mata fragmentada. Assim cresceu como bicho do mato, uma espécie peculiar de traça que gosta de devorar qualquer suspiro de vida em páginas empoeiradas, amareladas e esquecidas. “Uma Morte para Satoshi Kurusawa” é sua primeira incursão no espírito dessas páginas, um ímpeto quase reflexo de apanhar do vazio os ecos dos folhetins de bancas, que, como sussurros da Sorte, nunca deixaram de reverberar em sua memória e em seu coração.

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