Leia aqui um poema de "urutau", de Nathan Soares:
ROMÃS EM NOVEMBRO
Em uma manhã de um novembro qualquer—
—Eu me banho em Romãs—.
De profundos Solos—Houve Resgate;
De sóis escaldantes—escaldam sobre mim seu Escarlate.
Carregadas por Mãos calejadas,
Testas suadas—colhem e acolhem.
A Máquina—prensa, esmaga o carmesim. Em
Uma Barra de Sabonete—é transformada para mim.
Arrancada a casca – e seus Gomos,
Preciosas sementes sangrentas como
Rubis, separadas – valem a bagunça – se tornam:
Uma Oferenda em minhas mãos.
Eu que me banho de Romãs em novembro—
Como quem se banha do orvalho dos Filhos dos Deuses,
Vejo—O Rubro esguio da Vida—
Diluída—
Na água—que pelo ralo se aventura.
Eu—uma Força—Filho de Adão;
Me banho de Romãs—agora, Espuma.
Descascam-se sem proteção
Cada Gomo se engole como se fosse Outro e se torna sabão;
E eu me devoro—em água—me torno: Transformação.
urutau, de nathan soares
Nathan Soares, paulistano de 18 anos, é escritor e poeta em início de trajetória. Suas obras abordam questões existenciais, sociais e emocionais; fazendo da escrita um lugar de reinvenção e questionamento. Com apreço por explorar os silêncios, as margens, e o cotidiano em sua obra, busca na poesia transmitir sua mensagem mais por aquilo que não é dito, do que pelo que pode ser escutado; para que dessa forma, possa ser encontrada uma forma de contemplação do ordinário e denúncia do horrendo que habita na rotina.