Leia aqui um poema de "voo sem direção", de Gustavo Adriano:
Regresso
Caminho
pela estrada de terra,
já não vejo mais o
horizonte.
O que resta
é um pouco de memória
envidraçada
pelo tempo.
Agora é invisível o
meu companheiro:
latidos são apenas ecos
retrospectos.
Alheio do próprio
mundo. Alheio.
Recolhido ao próprio
silêncio. Recolhido.
Mas os forros
da Lua iluminam
o meu caminhar.
E sobre eles, percorro
pelas nuvens.
voo sem direção, de gustavo adriano
Gustavo Adriano nasceu em Rialma, uma pequena cidade do interior de Goiás, em 2002. Cresceu em Brasília, ambiente urbano e múltiplo que lhe ofereceu tanto os ruídos da metrópole quanto os silêncios da infância, elementos que mais tarde se tornariam marcas de sua sensibilidade literária. Atualmente reside em Buriti Alegre (GO).
É estudante de Letras pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e atua como professor de português e literatura.
Aos 23 anos, publica Voo sem direção, seu livro de estreia, no qual reúne poemas escritos ao longo de sua formação pessoal e intelectual. A obra nasce como um espaço de experimentação, em que a concisão se torna não apenas escolha estética, mas também caminho para a reflexão e para a construção de imagens intensas e cotidianas.
Grande apreciador da natureza, o poeta encontra na terra, nas águas, nas árvores e no silêncio do campo os elementos fundamentais de sua poética, trazendo a dualidade de sentidos com as vivências urbanas, tal como a solidão, o tempo e o deslocamento. Sua escrita, marcada pelo cuidado com a palavra, busca traduzir instantes de epifania e questionamentos existenciais, valorizando o poder da dúvida em vez da certeza de algo.
Voo sem direção é apenas o início de uma caminhada poética que se mostra investigativa e profundamente humana.

